Resenha: Vidas Secas - Graciliano Ramos

Título: Vidas Secas

Autor: Graciliano Ramos

Editora: Record

Páginas: 176

Ano: 2003

Literatura Brasileira

“Vidas Secas” é o livro mais popular de Graciliano Ramos.  Em toda a obra destaca-se o sofrimento, infelicidade e o medo eminente da seca pela família nordestina onde o leitor se  prende à leitura, se sensibiliza e acaba refletindo como é viver no sertão.

Logo no começo da obra, baseia-se em uma família nordestina viajando à esmo, procurando um lugar que não tenha sido tão afetado pela seca. Depois de dias andando, encontram uma fazenda aparentemente abandonada, mas logo o verdadeiro dono aparece porém acaba deixando que Fabiano trabalhe pra ele e que a família habite por ali.

O personagem principal, Fabiano, é um homem simples, de pouco entendimento, ignorante, bruto. Demasiada sua ignorância que o sujeito mal sabe falar, porém o autor lhe articula alguns pensamentos que acabam sendo contraditórios à personalidade do personagem. Para Fabiano, sua existência é para um único propósito: O sertão. Viver toda a vida como vaqueiro, cuidar de animais de fazenda, do gado e não ter nenhum conhecimento afora isso. Eis um trecho de uma das reflexões do personagem:

“Nascera com esse destino, ninguém tinha culpa de ele haver nascido com um destino ruim. Que fazer? Podia mudar a sorte? Se lhe dissessem que era possível melhorar de situação, espantar-se-ia. Tinha vindo ao mundo  para amansar brabo, curar feridas com rezas, consertar cercas de inverno a verão. Era sina. O pai vivera assim, o avô também. E para trás não existia família. Cortar mandacaru, ensebar látegos – aquilo estava no sangue. Conformava-se, não pretendia mais nada.”

Sinha Vitória, sua esposa, é uma simples mulher e dona de casa, onde vive só para o marido e os filhos. Tem um conhecimento um pouco acima de Fabiano, e durante a história vive a insistir ao marido uma cama decente, onde já se cansava de dormir em cama de varas. Em várias passagens pela obra, Fabiano admira sua esposa por ela ter uma sabedoria acima da dele em determinadas situações.

Os filhos são reflexos do pai. Na obra não são citados nomes, são chamados apenas de “menino mais velho” e “menino mais novo”. Têm grande admiração pelo pai.

A cachorra Baleia é a mascote da família. Esperta, se dedica totalmente à eles e o autor também lhe atribui pensamentos e reflexões na história.

O livro se divide em 13 capítulos alternativos, não há continuação de um capítulo à outro, onde cada um foca-se em um personagem ou um acontecimento na história.

Podemos ver a vida árdua do nordestino, o sofrimento quando a grande seca chega. Na obra também destaca-se em algumas partes, corrupções, injustiças, enganações e a família apenas sempre seguindo seu “dever”: Servir e respeitar seus superiores, a qualquer custo.

É um ótimo livro, além de ser um grande clássico da literatura nacional, a escrita é de fácil compreensão e em poucas páginas, pode ser lido em 2 dias. O leitor se prende bastante à leitura, com a curiosidade de saber o destino dessa família, se vão ter dias mais alegres, sem sofrimento. Mas ao ler, você percebe que a felicidade pode ser sentida em pequenas coisas do cotidiano, momentos em que pouco percebemos e que não se recebe o devido valor.

“Agora Fabiano conseguia arranjar as idéias. O que o segurava era a família. Vivia preso como um novilho amarrado ao mourão, suportando ferro quente. Se não fosse isso, um soldado amarelo não lhe pisava o pé não. O que lhe amolecia o corpo era a lembrança da mulher e dos filhos.”

Imagens tiradas do livro